Uso de derivados canabinoides como complemento às terapias do câncer de mama

Use of cannabinoid derivatives as a complement to breast cancer therapies

Resumo

Objetivo: Elucidar, por meio da literatura, que o uso de canabinóides pode complementar os atuais métodos de tratamento para o câncer de mama. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, entre o mês de janeiro do ano de 2024, utilizando os descritores “breast neoplasm” e “cannabinoids” através das bases de dados National Library of Medicine (PUBMED) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como critérios de inclusão, utilizou-se artigos publicados no período de 2017 a 2024, na língua portuguesa e inglesa, excluindo-se teses, dissertações, cartas ao editor e textos incompletos. Ao total foram encontrados 75 estudos dos quais 17 foram selecionados para elaboração da presente revisão. Resultados e Discussões: A Cannabis é uma planta que possui múltiplas funcionalidades, que vão desde a fabricação de fibras têxteis para produção de papel, da utilização das suas sementes para alimentação e da extração dos seus óleos como propriedades terapêuticas. Em relação ao CB2, esse receptor se encontra expresso em diversas condições, fazendo com que esse possa

realizar um papel fundamental na regulação de doenças autoimunes, transtornos psiquiátricos, distúrbios cardiovasculares e até mesmo o câncer. O câncer de mama é classificado em relação ao tipo histológico e molecular do tumor. Em relação ao tipo molecular, ele é dividido de acordo com a expressão de 3 biomarcadores de proteína. Essa divisão é importante para a condução do tratamento desses tumores, pois no caso de tumores RE-positivos, como o Luminal A e B, cerca de 50% dos respondem à terapia endócrina. O triplo-negativo é caracterizado por um pior prognóstico, já que há uma recorrência do tumor após o tratamento em até 3 anos. Nas linhagens do câncer de mama, os receptores CB2 estão expressos em altos níveis quando comparados ao CB1, e geralmente estão relacionados com a agressividade do tumor. Nos últimos anos, os canabinóides foram alvos de estudo para o tratamento do câncer, pois são atraentes drogas antitumorais capazes de promoverem a apoptose celular, inibirem a neovascularização e a quimiorresistência dos tumores. Para atestar alguns mecanismos antitumorais dos canabinóides, uma pesquisa utilizou o CBD para o tratamento das linhagens celulares cultivadas de câncer de mama humano. Os ensaios com CBD demonstraram que houve alterações morfológicas da monocamada celular, dado que essas células diminuíram de tamanho, ficaram arredondadas e perderam o contato com as células vizinhas. Ademais, também foi visto que o canabinóide ocasionou a fragmentação do DNA de maneira dose-dependente e a liberação de histonas, que foram detectadas por ELISA, comprovando que houve apoptose celular. Em outro estudo, quatro canabinóides, THC, CBN, CBD e CBG, foram testados combinadamente em diferentes linhagens do câncer de mama. A pesquisa mostrou que os canabinóides, em especial o THC, leva a autofagia da célula por meio da estimulação da via regular por p8, que promove o acúmulo de ceramida, e acarreta o estresse do retículo endoplasmático nas células tumorais. A partir da necessidade de estudar mais o potencial terapêutico dos receptores agonistas de CB2, os pesquisadores desenvolveram um método combinando esse último à terapia fotodinâmica (PDT). Visando otimizar o tratamento de câncer de mama, foi associado um  canabinóide agonista do receptor de CB2 à terapia fotodinâmica, que demonstrou uma expressiva capacidade de melhorar os resultados terapêuticos. Considerações Finais: Os derivados canabinoides mostram que podem exercer um papel muito maior, do que apenas no controle da regulação da dor, em relação ao câncer de mama. Portanto, é necessário que mais ensaios clínicos sejam realizados com os derivados da Cannabis em pacientes in vivo, a fim de provar-se a eficácia das substâncias presentes nessa planta como uso adjuvante às terapias do câncer de mama, principalmente no que tange o manejo do tipo moleculares que possuem pior prognóstico, e que não respondem ao tratamento habitual.