Perfil sociodemográfico das pessoas vivendo com HIV/AIDS na Paraíba (2010 a 2020)

Resumo

Introdução: Desde os primeiros relatos da AIDS no início da década de 80 e a posterior identificação do HIV como seu agente etiológico, o mundo tem sido impactado pelo avanço da infecção, assim como pelo seu tratamento, prevenção e controle. Hoje, na sua quarta década, ainda que controlada, a epidemia continua uma realidade e dados epidemiológicos apontam para mudanças nos padrões das novas infecções. Objetivo: Identificar o perfil sociodemográfico das PVHIV/AIDS na região do estado da Paraíba, nos anos de 2010 a 2020. Método: Estudo ecológico de série temporal, com dados provenientes do Sistema de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva simples por meio do Excel 2016, e demonstrados em tabelas. Resultados: Entre os anos investigados, a taxa de incidência de casos de HIV/AIDS na Paraíba apresentou uma queda de aproximadamente 9%, saindo de 6,39 casos por 100.000 habitantes em 2010 para 5,84 em 2020. Dos 3.894 casos notificados no período analisado na Paraíba, a maior incidência foi encontrada nas pessoas do sexo masculino (70,47%), jovens adultos na faixa etária de 20 a 49 (80,6%), da raça não branca (78,71%), com baixos níveis educacionais e/ou analfabetos (64,04%) e com a categoria de exposição sexual na orientação heterossexual (49,85%). No estado foram registrados 1507 óbitos e a Macrorregião de Saúde João Pessoa concentrou 64,90% dos óbitos. O estudo verificou ainda que houve um relativo aumento no número de mortes por HIV/AIDS no decorrer dos anos observados. No período de análise, o ano em que mais houve óbitos por HIV/AIDS foi 2020 com 165 óbitos e o ano com menor número foi 2010 com 114, verificando-se um aumento no número de óbitos pela doença neste período de cerca de 15%. Conclusão: o cenário do HIV/AIDS na Paraíba mantém-se  estável no decorrer dos anos, porém com maior prevalência de novos casos em homens jovens pardos com baixa escolaridade, apresentando também uma maior letalidade nessa população frente a casos mais graves da doença, principalmente na Macrorregião I - João Pessoa. Dessa forma, esse grupo merece maior atenção do Estado para a adoção de políticas públicas em saúde para início do tratamento antirretroviral com celeridade e medidas prevenção da infecção por meio da PREP/PEP, incentivo ao uso de preservativos físicos e campanhas de informação sobre sexualidade saudável e comportamento de risco.